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Pesquisas eleitorais e a análise de cenário político

Artigo elaborado pela equipe da Umbelino Lôbo em 22/07/2022.


O processo eleitoral traz consigo a perspectiva de alterações mais ou menos significativas nos atores, nas pautas e na condução das instituições, dos processos e das decisões que constituem o Estado e a arena pública. Nesse contexto, uma das funções de uma profissional de Relações Institucionais e Governamentais (RIG) é buscar e produzir informações com o objetivo de tentar construir e compreender as possibilidades e tendências que as modificações dos ocupantes dos cargos em disputas podem provocar nas agendas que acompanha. Dentre os insumos utilizados para a composição desses cenários estão os dados produzidos pelas pesquisas eleitorais que, como toda informação, devem ser utilizados tendo em mente seus potenciais e limites. Nesse exercício, é importante considerar alguns aspectos técnicos e do contexto no qual esse material foi elaborado e produzido.


O ponto de partida para a interpretação e elaboração de cenários a partir desses dados é entender e considerar que cada pesquisa possui vieses e traz um retrato de um determinado momento. O desenvolvimento de uma pesquisa eleitoral envolve uma série de decisões técnicas e metodológicas por parte dos institutos e que refletem em seus resultados. Dentre elas, estão o método de coleta de dados, o tamanho da amostra, a forma e a ordem em que as perguntas são realizadas, entre outras.


A diversidade de pesquisas atualmente disponíveis coloca alguns desafios como qual delas escolher para pautar uma análise e como compreender as eventuais diferenças e divergências que aparecem entre elas. Diante desse cenário de diversidade de pesquisas disponíveis, a utilização de agregadores de pesquisas é uma estratégia sugerida por especialistas da área para lidar com essas informações.


Esse recurso compila os dados de várias pesquisas considerando os impactos que o contexto metodológico de cada levantamento pode produzir no resultado, mas não deixam de ter seus próprios vieses. O Estadão, a |CNN e o Polling Data desenvolveram e disponibilizam para consulta esse tipo de ferramenta. Outro procedimento que podemos adotar para lidar com esses dados é construir nossas análises olhando para as séries históricas das pesquisas a fim de compreender de forma mais ampla as tendências que os dados apontam.


Dentro do processo eleitoral, o momento no qual a pesquisa é realizada também é um fator que deve ser considerado para a interpretação e utilização de seus resultados. Tanto o contexto mais específico no qual os dados são coletados quanto as questões mais amplas que estão pautando o processo eleitoral contribuem para os resultados coletados. Por exemplo, se as entrevistas são realizadas no contexto de crises envolvendo o governo, isso pode repercutir no resultado do desempenho do seu candidato nessa consulta.


Ainda sobre as possibilidades de interpretação, é importante conhecer o que conseguimos e o que não conseguimos depreender dos dados e como relacionar, dentro de uma mesma pesquisa, os resultados que ela traz e para quais parâmetros olhar. Nesse contexto, a leitura de uma pesquisa de intenção de votos varia se a consulta foi espontânea ou estimulada por exemplo.


Por fim, é importante lembrar que o processo decisório do voto termina na cabine de votação no dia da eleição. E em um contexto de grande disponibilidade informacional, as preferências tendem a variar em um menor espaço de tempo. Ademais, percebemos que o resultado de cada pesquisa depende de muitas variáveis técnicas e contextuais, e, nesse sentido, devemos olhar esses dados como mais um instrumento para a leitura do cenário eleitoral e sempre tendo em mente o contexto político, econômico e social pontual e mais amplo.


Artigo elaborado pela equipe da Umbelino Lôbo em 22/07/2022.

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